♡ Drops singulares

O casamento da minha melhor amiga

Conheci a Ale há dez anos, quando fizemos teatro juntas, no grupo da Cultura Inglesa. Este grupo, uma das minhas memórias mais queridas da adolescência, trouxe um monte de coisas especiais à minha vida, sendo que uma delas é os amigos que ficaram até hoje.

Explicar uma amizade como a nossa, tão longa, cheia de histórias e afetos, não seria tarefa fácil para umas poucas linhas. Quando ainda éramos adolescentes sonhando com amores impossíveis e namoricos de fim de tarde, ela estava lá. Como companhia para almoços e para ir ao cinema (bons tempos de tardes no frei caneca, de dividir pipoca doce e mil comentários sobre a vida), como confidente, como ombros e apoio. Ela me ligava quando eu estava em Londres para me dar força, quando foi morar na Venezuela eu não via a hora de ela voltar, e ela foi um dos motivos de eu querer deixar Paris para trás. Compartilhamos o signo, mil desejos de viagens, sonhos, filosofias.

Acompanhei sua história de amor com o Pedro desde o comecinho. E sempre fiquei feliz de ver que minha amiga tinha encontrado um cara tão bacana. Quando eles vieram à minha casa me convidar para ser madrinha, eu estava de malas prontas para partir, e eu disse que não saberia se estaria aqui no dia. ‘Nós sabemos disso, mas achamos que você valia a pena correr esse risco’. E eu voltei.

Trouxe presente e vestido de lá, escolhidos com todo o carinho do mundo. Ajudei em preparativos, reforma do apê, prova do vestido, escolhas de decoração. E eu adorava participar de cada detalhe, como se fosse meu próprio casamento!

No dia da cerimônia, que não foi nem um pouco tradicional, cada padrinho representava uma etapa. A minha foi a aliança, e eu preparei um texto especial para o casal, para abençoar aquele momento de união, tão lindo e cheio de significados. Não consegui conter a emoção em vários momentos, tão mágico foi aquele dia, cercado de pessoas queridas e a celebração do que há de mais belo no mundo: o amor.

Para a Ale e para o Pedro, os desejos de mil felicidades. Para nós, um pouquinho mais de fé. E para notas futuras: envelhecer sem perder a ternura. Jamais.

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PS: o casamento teve um sabor ainda mais especial porque Lissa, dona deste blog tão amado e amiga-gêmea, estava lá e fez as fotos. Quando a indiquei para a noiva, que ainda não a conhecia, eu disse ‘enxergamos o mundo da mesma maneira, é como se eu estivesse fotografando tudo!’ E assim foi, :)

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E já que a Nath começou a propaganda, eu termino :]
Clique aqui para ver as fotos desse casamento e de outros tantos :)

(Drops singulares é sessão colaborativa da Nath, dona do querido Drops de Anis).

♡ Drops singulares

Um lugar chamado saudade

Quando eu fui tirar meu título de eleitora, com 18 anos, deixaram-me escolher o colégio em que eu iria votar. E eu, que nem sabia que se podia escolher essas coisas, escolhi o Santo Antônio por dois motivos mais do que óbvios: ele é o colégio mais perto de casa (a apenas dois quarteirões), e eu passei mais da metade da minha vida estudantil lá – e olha que quando eu estudava lá eu morava em outro lugar, um pouco mais distante.

Essa foi então a chance que encontrei de visitar o passado a cada dois anos. Agora, toda vez que vou lá, faço questão de ir com a maior calma do mundo, para trazer à tona algumas memórias empoeiradas e investigar os caminhos disponíveis – porque há alguns que ficam inatingíveis, cercados por uma faixa isolante, para evitar xeretas como eu. O corredor da secretaria, da diretoria, da sala dos professores. Os banheiros, o pátio, as salas de aula do ginásio. É incrível como aquilo que dizem, de que as coisas parecem maiores quando somos menores, realmente se encaixa neste caso. Tudo toma proporções infinitamente pequenas, como a escada que leva à biblioteca e o jardim para as crianças, que ficava em frente aos laboratórios de informática e de línguas. Não sei se é porque eu cresci, de tamanho mesmo, ou se é porque quando estamos no colégio nosso mundo praticamente inteiro resume-se àquele espaço – e, depois de crescidos, vemos que o mundo é muito, muito maior.

Nesses sete anos como eleitora, já votei na minha sala da 5ª série, da 6ª, da 7ª, onde era a diretoria etc. E cada vez lembranças diferentes resolvem vir à tona, sempre tão bom.
A escola passou por profundas mudanças e reformas. A quadra, na qual cantávamos o hino todas as segundas-feiras pela manhã, já nem existe mais – foi praticamente inteira demolida, e outra, mais moderna, foi construída no lugar. Aquele era um canto realmente especial, porque à quadra cabiam os momentos de lazer, as aulas de educação física, as fofocas quando não queríamos praticar esportes e as gincanas entre as salas, ou entre os outros quatro colégios vicentinos. Até a cantina, sempre tão criticada na nossa época por suas iguarias de gosto duvidoso, foi inteiramente reformulada, para adequar-se melhor ao estilo das emancipadas crianças de hoje em dia e às normas mais rigorosas adotadas pela vigilância sanitária.

Apesar de ter escolhido, por vontade própria, trocar de colégio quando terminei o ginásio, lugar algum se compara ao espaço que o Santo Antônio tem em mim. Tenho uma ligação extremamente forte com aqueles metros quadrados, por ter vivido coisas tão significativas lá, em cada canto daquele mundo, e por lá ter conhecido as pessoas que continuam ocupando um dos espaços mais importantes na minha vida até hoje.

Teria um milhão de coisas para contar acerca de todas as histórias que vivi por lá naqueles oito anos, mas a única coisa que não sai da minha cabeça atualmente, nas vezes em que o visito, é como tudo muda depois que saímos do colégio. Nossas prioridades, a visão geral das coisas, os conflitos, os objetivos, as pessoas. E como quando estamos no colégio, os maiores problemas que podem existir – como uma espinha, um paquera que não dá bola, qual roupa vestir no dia livre ou aquela prova impossível de se fazer – parecem tão pequenos quando nos tornamos ‘adultos’. E como parece que o 3º colegial ‘não chega nunca’, e ficaremos presos àquela rotina – tão cansativa, ohmeudeus – para sempre.

Mas, ainda assim, depois que crescemos, tudo o que mais queremos, em alguns momentos, é uma chance para voltar atrás e fazer tudo diferente. Não sei se é exatamente isso que eu sinto agora, mas de uma coisa eu tenho certeza: nada melhor que uma boa saudade para aquecer o coração num domingo frio.

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Mais um Drops singulares por Nath, acompanhado pela foto de Itziar Olaberria, fotógrafa incrível que ganhará o próximo post.

♡ Drops singulares

Eu acredito na colaboração, na parceria, na contribuição.
Mas acredito, sobretudo, na amizade.

E, por acreditar nisso, começo hoje uma nova sessão: Drops singulares – a união do Singulares Pérolas com o Drops de Anis, da Nath.

Nath é amiga do coração. Minha flor, minha gêmea, minha gêmea flor.
O melhor presente que a internet me deu.

Take a sad song and make it better

Certa vez alguém me disse que só sabe o que é dor de verdade quem teve um amor e perdeu. De fato, é uma dor diferente de qualquer outra que se possa sentir – e olha que eu já senti muitas. Apendicite, atropelamento e cirurgias, pontos em vários lugares, cicatrizes, morte de pessoas queridas. Mas dor de amor é diferente, até porque dói dentro.

Li uma frase de autor desconhecido que dizia que ‘ter o coração partido é como ter uma costela quebrada – do lado de fora parece que não há nada de errado, mas cada respiração machuca’. E acho que todos que já passaram por isso sabem que é bem assim.

A gente não quer chorar, nem sofrer em demasia para não preocupar quem ama, então a gente chora em silêncio, com lágrimas para dentro. Lembro de estar em lugares públicos, deitada no tatame da academia, esperando a aula de pilates começar, e ouvir uma música que me trazia uma tempestade de sentimentos, e de querer muito chorar, muito. E não poder, porque havia pessoas ao redor, e eu não queria criar toda uma comoção por nada. Por um nada que para mim era um tudo, que rasgava o peito e me tirava o centro.

Como consolo uma amiga disse, ‘você vai ver que num dia você vai pensar nisso um segundo a menos, e no dia seguinte dois, e assim por diante, até se dar conta de que não pensa mais quase nada’. E é assim o curso da vida, os sorrisos forçados do início aos poucos vão se transformando em sorrisos sinceros, em vontade de se querer bem, de se cuidar, de devolver isso pro mundo em energia positiva, em vontade de viver mais e melhor, sempre. De não cometer os mesmos erros, de tirar aprendizados, e de guardar boas memórias no fundo do armário, numa caixa em formato de coração, empoeirada pelo tempo.

Como diria Caio, ‘natural é as pessoas se encontrarem e se perderem’. E, ratificando o pensamento do início, não acho que se perde um grande amor – amor que é amor fica para sempre, de um jeito ou de outro.

No fim, acabei ganhando uma história bonita, que só me deu mais vontade de viver muitas outras. Que seja doce.

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A foto também é dela. Assim como a sensibilidade e talento. ♥